*Acadêmico do Curso de Licenciatura em Educação Física pela Universidade
Vale do Acaraú-AP.
SANCHES, Alcir Braga. Educação Física: Módulo 5.
Brasília: Universidade de Brasilia, p. 241-306, 2010.
Primeiramente o estagiário faz uma visita à instituição, munido de
documentos que comprovem a realização do estágio. Colhe informações detalhadas
de como é o funcionamento e quais as características específicas do ambiente,
detalhes esses que são visíveis no Projeto Político Pedagógico, quando existe.
Devendo assim, ajustar as atividades propostas tendo em vista os locais
disponibilizados para a realização das aulas. Fazendo, antes, um diagnóstico da
turma, dos materiais e espaços a ser utilizados, ação essa que o deixará ciente
das particularidades ali encontradas. Lembrando que esse é o momento da criação
da identidade do acadêmico como professor, ou seja, o momento da transformação
de aluno para professor.
A administração da instituição tem influência direta nos trabalhos
realizados com as crianças, pois "a Educação Infantil não tem currículo
formal" (PACIEVITCH, 2008), contrário ao que acontece com os ensinos
Fundamental I, II e Médio. Dessa forma os objetivos da instituição se baseiam
pelo local onde está inserida e os atores envolvidos no processo educacional.
"Art. 15 Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares
públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia
pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais
de direito financeiro público" (BRASIL, 1996, p. 17).
Na infância os educandos aprendem imitando seus mentores, pois o ser
humano, por cultura, sempre aprendeu através dos gestos de outras pessoas,
animais ou qualquer coisa que lhe propicie melhora significativa na questão
motora ou intelectual. Para Almeida (2009, p. 99) "a imitação estimula a
seleção do que é mais conveniente entre o que a realidade nos apresenta".
No entanto, quando se imita sem a crítica necessária, imitar por imitar, o
educando ou educador se transforma em mera cópia. Podendo a escola se
transformar em uma fábrica de bonecos ou robôs. Já que desconsidera a
individualidade e a capacidade intelectual de cada um. Por outro lado, quando a
imitação vem carregada de ceticismo, criticidade, pode ser uma maneira
eficiente na práxis do docente, tendo como parceiro o professor da escola, que
estará orientando-o, bem como avaliando. Já que esse momento fundamenta-se no
diálogo e na intervenção da realidade vivida, pois "a visão mais
abrangente e contextualizada do estágio indica um profissional pensante, que
reconhece viver num determinado espaço e num certo tempo histórico capaz de
vislumbrar o caráter coletivo e social de sua profissão" (GARRIDO apud
SANCHES, 2010, p. 246).
Com essa visão,
"a formação do profissional constitui um processo que implica uma
reflexão permanente sobre a natureza, os objetivos e as lógicas que dão base à
sua concepção de educador, como sujeito que transforma e, ao mesmo tempo, é
transformado pelas próprias contingências da profissão" (SANCHES, 2010, p.
147).
Dentre as características da criança identifica-se a plasticidade, a
sede de conhecer e experimentar de tudo, sem medos, pois ainda não conhece o
perigo, não tem constrangimentos. É muito atenta e interessada, mas necessita
continuamente de observação e orientação para organizar a percepção do novo,
pois na maturação psicológica dela ainda não teve experiências necessárias para
se transformar em autônoma. Assim, o professor deve oferecer um ambiente seguro
e acolhedor, cheio de estímulos adequados à individualidade das crianças,
instigando a criatividade e a construção de competências.
O estagiário tem que ser versátil e propor novos estímulos
constantemente. Mas, precisa ter cuidado para não sobrecarrega-las de
estímulos, pois elas podem ficar estressadas, já que é nessa fase da vida que
se constituem as bases emocionais e de raciocínios futuros.
Nesse período deve-se depositar atenção à construção da capacidade
motora da criança, porque está no período de transformação da motricidade, mas
sem o intuito de transformá-la em uma atleta, pois não é papel da escola.
Assim, em certos momentos a criança testará a capacidade do professor em orientá-la
e sua paciência perante a turma.
Existe profissionais que buscam a ordem e harmonia e acabam suprimindo
certos movimentos através de regras inflexíveis, fato que acontece, muita das
vezes pela comodidade, pelo conforto de persistir no erro, e não se dispor às
dificuldades agregadas à sua adaptação a novas tendências. O que prejudica a
maturação desse indivíduo, porque à medida que cresce, com o desenvolvimento de
novas capacidades possibilita uma vida cada vez mais autônoma ou não,
dependendo da base que foi construída.
"Os jogos, as brincadeiras, a dança e as práticas esportivas
revelam, por seu lado, a cultura corporal de cada grupo social" (BRASIL,
1998, p. 19). Cabe ao professor oportunizar a vivência dessas manifestações,
pois trazem à criança certa facilita com a consciência corporal e a capacidade
de se expressar, mas o profissional tem que estar ciente de que cada um tem uma
cultura particular e que não existe só uma verdade, uma beleza, nem uma
inteligência. Dessa forma, entende-se que "a polaridade existe em toda a
manifestação, ela permite alcançarmos o equilíbrio" (SANCHES, 2010, p.
281). Então, tanto os alunos quanto o professor têm que ceder em determinados
momentos.
"(...) A cultura não é a uma categoria sociológica empírica. Quando
nos referimos ao fenômeno cultura, não se trata de teorizar sobre a cultura em
geral, abstrata, mas de agir, com suporte conceitual, sobre a cultura presente,
concreta, procurando transformá-la, estende-la e aprofunda-la" (SIQUEIRA,
1992).
Quando o professor prepara uma aula ele tem que levar em conta a
individualidade de cada aluno, não utilizando modelos imutáveis de atividades
que deram certo em um momento, fato que o caracteriza apenas como um
"copiador". Ele deve utilizar os movimentos e expressões, pois estes
irão englobar valores cognitivos, afetivos e sociais à formação da criança.
Esses movimentos são base necessária para todo e qualquer esporte, mas o
professor tem que saber que o objetivo da escola não é formar atletas e sim
cidadãos.
Nessa faixa etária a criança aprende a lidar com frustrações. Também
passa a perceber seu corpo através do toque, principalmente. Tem curiosidade
quanto às diferenças sexuais, mas sem malícia. Esses conceitos devem ser
repassados às crianças de forma não preconceituosa, porque o profissional deve
aprender respeitar as posições distintas, já que são vistos como referência
pelos alunos. Dessa forma, os professores são vistos como facilitadores do
entendimento de vários fenômenos.
Assim, a avaliação na Educação Física infantil se dá pela valorização
que a criança demonstra com a integração com as demais, se consegue assimilar
as atividades e adaptar-se a elas, e se melhora o seu vínculo com o mundo
material e suas competências, ou seja, é feita de forma processual, observando
os avanços adquiridos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Seção
II, Art. 31 diz que "a avaliação far-se-á mediante o acompanhamento e
registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o
acesso ao ensino fundamental". Vê-se que o professor deve registrar suas
observações e fazer disso um ato rotineiro para que facilite sua avaliação.
Essa avaliação processual fortalece a autoestima da criança e lhe apresenta
possibilidades de expressões corporais ainda não experimentadas.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam a realização das práticas,
a valorização da cultura corporal de movimento e a relação da Educação Física
com saúde e qualidade de vida. Esses são os três focos principais de avaliação
na disciplina.
"Buscamos a integralização da criança através do desenvolvimento
dos aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais, de onde são originadas
todas as atividades dos currículos de cada curso, desenvolvidos mês a mês,
semana a semana, através de planejamentos" (DAÓLIO, 2007, p. 25).
O professor tem que estar ciente dos espaços e materiais oferecidos para
o desenvolvimento de suas atividades, pois é a partir deles que o professor
pode exigir mais do aluno, já no caso da falta dessas ferramentas, ele tem que
saber medir seus meios avaliativos.
As crianças de zero a três anos de idade utilizam muitos gestos e
expressões corporais para se expressar, mesmo que não saibam o que estão
fazendo. A partir dos quatro até os seis anos de idade elas já reconhecem e
utilizam os movimentos como linguagem expressiva, com maior propriedade. Então,
deve-se valorizar os progressos de cada uma, mas sem elogios vazios e
infantilização, já que essas atitudes fazem com que as crianças sejam vistas
como seres incapazes ou de menor condição, diminuem o mérito de certas
conquistas.
Quanto às pessoas com necessidades especiais a LDB, no Capítulo V, Art.
58, determina que a educação escolar seja "oferecida preferencialmente na
rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidade
especiais". Já na Constituição Federal o objetivo principal é o da plena
integração dessas pessoas em todas as áreas da sociedade.
Percebe-se que esses documentos garantem o direito à educação e o
direito a receber essa educação, sempre que possível, em classes regulares. No
entanto, essa garantia vem com falsas expectativas, visto que a falta de
fiscalização constante nos ambientes educacionais, faz com que essas leis não
sejam cumpridas. Outro fator predominante para a exclusão das pessoas com
necessidades especiais é a falta de informação por parte dos familiares e até
mesmo da população em geral.
As escolas têm que estar preparadas para receber as pessoas com
deficiência, garantindo todos os seus direitos.
"A inclusão do aluno é o eixo fundamental que norteia a concepção e
a ação pedagógica da Educação Física Escolar, considerando todos os aspectos ou
elementos, seja na sistematização de conteúdos e objetivos, seja no processo de
ensino e aprendizagem, para evitar a exclusão ou alienação na relação com a
cultura corporal de movimento" (BRASIL, 1998, p.30).
Então, a Educação Física Adaptada tem o papel de integrar essas crianças
no círculo escolar e social, através de atividades que instiguem a demonstração
de habilidades individuais, e que se adequem às limitações do aluno, pois essas
atividades são uma forma dele aumentar o próprio repertório de movimentos. De
acordo com a LDB, na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no seu artigo 29,
a Educação Física Infantil "tem como finalidade o desenvolvimento integral
da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico,
intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade".
Para isso o professor precisa ter uma práxis bem estruturada, pois ele
tem o papel, junto com a família, de
"educar a criança para a vida, desenvolver nela habilidades
necessárias para a sua inserção nos diferentes ambientes da sociedade,
participando, sugerindo, propondo, reformulando, superando-se. E, para isto,
não basta à Educação Física ser movimento sob a visão de apenas movimentar-se,
ele tem que ir além do desenvolvimento das capacidades físicas" (SILVA;
MELLO, 2000, p.3).
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Juliana. Prometeus Filosofia em Revista: Possíveis
influências da tragédia na moralidade. Ano 2 - nº 3. Janeiro-Junho/2009.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20/12/96. Estabelece as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Lex, São Paulo, v.6, n.36, dez. 1996.
________. Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil. Brasília: mec. 1998.
DAOLIO, Jocimar. Educação Física e o conceito de cultura. 2ª
ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2007.
PACIEVITCH, Thais. Educação Infantil. Disponível em:
<http://www.infoescola.com/educacao/educacao-infantil/>. Acesso em:
02 out. 2012.
SILVA, Pedro Luiz Barros; MELLO, Marcus André Barreto de. O
processo de implementação de políticas públicas no Brasil: características
e determinantes da avaliação de programas e projetos. Campinas: NEPP/Unicamp,
2000.
SANCHES, Alcir Braga. Educação
Física: Módulo 5. Brasília: Universidade de Brasilia, p. 241-306, 2010.
SIQUEIRA, Juliano. Fundamentos para uma Politica Cultural.
In: Princípios. Revista Teórica, Politica e de Informação. N° 25.
maio-junho-julho, 1992: 61-65.
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