*ADELSON RAMOS VILHENA
*FARNEY GLEISON ALMEIDA LIMA
*JONIELSON FERREIRA DA COSTA
*JORGE WLISSES DOS SANTOS LIMA
*MALCICLEY SANTOS SOUSA
*Acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação
Física, pela Universidade Vale do Acaraú-AP.
ANÁLISE
DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL I
A concepção de corpo, mente e sociedade fundamenta
os trabalhos de Educação Física. Segundo Marcel Mauss, muitos profissionais da
área se norteiam pelo conceito de fato social total, já que propõe a existência
de "uma totalidade na consideração do ser humano, englobando os aspectos
fisiológicos, psicológico e social" (DAÓLIO, 2007, p. 4).
Apesar de suas origens militares e médicas,
retratando um conceito social vigente, a Educação Física evoluiu de trabalhos
simplesmente mecânicos para uma abordagem mais pedagógica e didática. Dessa
forma, "cai por terra a visão tradicional da educação física como uma ação
sobre o corpo físico, pois não há dimensão física isolada de uma totalidade
biológica, social e psíquica" (DAÓLIO, 2007 p. 8).
Na escola a disciplina poderá favorecer o
desenvolvimento da autonomia e ampliar relações socioculturais de um local,
possibilitando a compreensão dos direitos a partir do exercício da cidadania.
De acordo com João Batista Freire,
"a escola tradicional tem desconsiderado a
cultura infantil, rica em movimentos, jogos, brinquedos e fantasia e tem optado
por deixar a criança imóvel, na expectativa de que ela aprenda conceitos
teóricos de forma disciplinada, castrando sua liberdade e criatividade"
(DAÓLIO, 2007, p. 23).
Inserida em um contexto social a criança se
desenvolve aprendendo valores e símbolos de um grupo que irão nortear a sua
vida adulta. No entanto, o professor pode ser uma barreira para esse
desenvolvimento, já que existem profissionais despreparados que, com práticas
ultrapassadas, inibem certas culturas corporais, das quais fazem parte do
cotidiano dessa criança. De outra forma, esse profissional pode instigar
melhorias significativas no aluno.
A prática da Educação Física tem como objetivo desenvolver
o aluno como um todo, no qual o aspecto psicomotor supera a repetição dos
gestos estereotipados, possibilitando a construção de um potencial corporal
total, e capacitando o indivíduo para refletir sobre suas possibilidades
corporais.
Quanto mais a criança tiver vivências com práticas
corporais diversificadas, maior será a automatização do movimento, canalizando
mais atenção para outras atividades, já que certos movimentos fazem parte do
seu cotidiano individual e coletivo, pois o aluno pode através de sentimentos e
sensações, potencializar a aprendizagem das práticas da cultura corporal
através de simples estímulos vindos, principalmente, da família e do professor.
Um dos temas polêmicos abordados dentro da Educação
Física, em tempos passados e ainda hoje, é a questão da inclusão de pessoas com
deficiências nas aulas, pois há muito se vem excluindo essas pessoas por falta
de capacitação profissional para lidar com os problemas que possam ocorrer em
uma aula mal ministrada. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, no seu artigo 58, parágrafo III, os sistemas de educação devem ter em
seu quadro "professores com especialização adequada em nível médio ou
superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns" (LDB,
1996, p. 23). Sendo assim, pelo medo de falhar, prefere-se excluir do que se
capacitar. No entanto, a grade curricular dos cursos foi modificada para
preparar cada vez mais os profissionais para lidar com essa clientela.
Os conteúdos para o Ensino Fundamental I (1ª a 4ª
séries) estão subdivididos em: esportes, jogos, lutas e ginásticas; atividades
rítmicas e expressivas; e, conhecimentos sobre o corpo. A organização desses
conteúdos está diretamente vinculada às características sociais e pessoais do
aluno. Essas atividades têm como objetivo maximizar as expressões culturais
atuantes no contexto onde estão inseridas, assim como apresenta-las a novas
práticas, mais ainda, criar práticas corporais.
No primeiro ciclo (1ª e 2ª séries) a criança, tendo
uma série de conhecimentos vivenciados ou não, é apresentada a novas práticas,
como brincadeiras e jogos, onde, gradualmente são inseridas regras a serem
seguidas, mas sempre de forma flexível, já que podem não ter tido contato com
limites em certas atividades. Isso servirá para escola desenvolver o seu
Projeto Político Pedagógico adaptado para cada período. Possibilitando a
interação e reflexão dos alunos decorrente do contato com sua própria realidade.
O professor deve "propiciar à criança a aquisição de habilidades motoras
básicas, a fim de que seja facilitado a ela o aprendizado posterior das
habilidades consideradas mais complexas, e assim propiciar uma evolução motora
adequada" (REDIVO, 2010, p.20).
Ao final do primeiro ciclo os alunos deverão
participar de atividades físicas variadas, pondo em prática sua autonomia e
cooperação, executando trabalhos em grupo sem descriminação, transpondo as
brincadeiras de caráter simbólico e individual para as brincadeiras sociais e
com regras, predominando as de caráter mais simples visando um leque maior de
possibilidades motoras.
Ao ingressar no segundo ciclo (3ª e 4ª séries) o
aluno, com maior independência, deve ter a rotina escolar como parte integrante
do seu dia-a-dia, buscando maiores desafios em atividades mais complexas,
avaliando seus avanços e dificuldades através da percepção do próprio corpo.
Nesse momento o aluno deverá começar a fazer relação
sobre os benefícios da atividade física para a saúde - a Organização Mundial de
Saúde (OMS) define saúde como "um estado de completo bem-estar físico,
mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades" - e
compreender e melhorar os sistemas básicos do movimento através das manifestações
da cultura corporal e tomada de consciência do cuidado com o seu corpo e do
outro, sem, em momento algum, demonstrar preconceito ou descriminação.
"Art. 205 -A educação, direito de todos e dever
do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
Art. 206 -O ensino será ministrado com base nos
seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
divulgar o pensamento, a arte e o saber; [...]" (CONSTITUIÇÃO FEDERAL,
1988, p. 34).
A noção de espaço e tempo se desenvolverá em
conjunto com a aquisição feita no plano motor, já podendo aceitar o ponto de
vista dos outros, observando o desenvolvimento das proporções corporais e as
transformações no seu corpo à medida que cresce e é estimulado. Assim,
preparando o físico, psicológico e social para uma nova fase, o Ensino
Fundamental II (5ª a 8ª séries).
ANÁLISE
DA PROPOSTA CURRICULAR DA SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO AMAPÁ PARA
EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL I
No primeiro ciclo (1ª e 2ª séries), que, no ensino
de nove anos, compreende aos, 2º e 3º anos, e o 1º ano que correspondia a
alfabetização (3º período), tem-se como objetivo sistematizar o processo de
construção do conhecimento, envolvendo as diversas áreas do saber, reconhecendo
a individualidade de cada um, sem deixar de valorizar o coletivo, através do
processo de socialização, na busca do aprimoramento das capacidades,
habilidades e aprendizagens necessárias à vida em sociedade para reestabelecer
o equilíbrio entre a formação tecnológica, humana e a dimensão espiritual do
individuo. Sendo assim, contemplados todos os saberes culturais.
As capacidades físicas e habilidades motoras na
construção do conhecimento têm como conteúdo de aprendizagem no primeiro ciclo:
esquema corporal, para conhecer o próprio corpo de forma geral e ser consciente
dos limites orgânicos; espaço-temporal, para ter noção de espaço e tempo, para
poder lançar um objeto ou deslocar-se sem esbarrar em obstáculos; dominância
lateral, para saber distinguir os lados direito e esquerdo, frente e trás, cima
e baixo e diagonais; equilíbrio, para criança saber onde fica seu ponto de
equilíbrio para poder mantê-lo sem precisar se concentrar, fazendo com que seja
um reflexo; coordenação global, que diz respeito à atividade dos grandes
músculos e depende da capacidade de equilíbrio postural do aluno, como exemplo,
andar, correr e saltar; coordenação motora fina, visa a utilização de
habilidades motoras mais complexas, como amarrar o cadarço do tênis;
coordenação viso-motor, que é a capacidade de coordenar a musculatura com o ato
de olhar, do tipo que é exigida em tarefas como recortar, escrever, pintar,
etc.
Segundo Bento esses conteúdos devem
"proporcionar intenção de uma prática constante
na busca pela qualidade de vida através da dança, uma educação ética, moral e
social, conhecimentos de habilidades e capacidades motoras essenciais e
autonomia para prática do desporto nas horas de lazer" (DAÓLIO, 2007,
p.38).
Os jogos também podem ser trabalhados dentro do
ensino fundamental, mas de forma prazerosa, através da imitação de gestos,
construção de novas atividades corporais, atividades simbólicas variadas,
percepção da sua importância como agente construtor de uma nova realidade e
atividades rítmicas para refinar, de forma descontraída, certos movimentos
corporais. Então, procura-se identificar as peculiaridades de cada aluno e
propiciar a eles momentos de socialização através de brinquedos, brincadeiras,
jogos, danças infantis e teatro de fantoches.
No segundo ciclo (3ª e 4ª séries), que compreende,
no ensino de nove anos, os 4º e 5º anos do ensino fundamental, tem-se a
ginástica como demonstrativo das ferramentas básicas para aquisição de novos
movimentos e culturas. O que propicia aos alunos vivências da cultura local, e
o contato com novas culturas, através de danças populares e folclóricas, sempre
enfatizando a utilização do ritmo e a relação histórica-social dos movimentos
utilizados.
Dessa forma o professor irá indicar ao seu aluno
conteúdos referentes às vivências dele e de parentes próximos, já que estará
utilizando a cultura contextual. Na mesma perspectiva vê-se a importância de
conhecer outras formas de danças e movimentos corporais de outras localidades.
Outra forma de demonstrar novas habilidades é
apresentar a ginástica, uma das principais ferramentas para utilização de novos
movimentos para esse período, em seu caráter verdadeiro, pois ao se falar de
ginástica, logo se pensa em rendimento e movimentos impossíveis de realizar e
que dentro da escola, para a nova concepção de educação, ela não se encaixa.
Assim, tem que apresentar essa prática associada à música e à utilização de
alguns objetos, que podem ser feitos de materiais alternativos e com a
imaginação dos alunos.
Com o emprego dessas atividades, dinâmicas, a
criança fica mais instigada a aprender, já que estão recebendo uma educação
lúdica, e aguçando o interesse pela ginástica "da" escola, que tem o
mesmo significado de esporte "da" escola, já que Vago (1996, p. 9)
diz que é "uma prática da cultura escolar, com seus códigos próprios".
E que saiba que esse é um instrumento que pode ser montado em conjunto com o
professor.
Nessa etapa são inseridos jogos de cunho motor,
intelectivo, dramático e sensorial. Onde o motor é representado pelo manuseio
de alguns objetos e do domínio dos próprios movimentos corporais; o
intelectivo, que é, por exemplo, representado pelo xadrez, já que um jogo que
depende basicamente da atenção, percepção, avaliação de situações, táticas e
estratégias; o dramático pode ser representado pela mímica, pois é uma forma de
expor algo através dos gestos, ou, dramatização de alguma cena ou situação como
prenda; e, o sensorial pode ser colocado através da utilização do tato, como
modelar algo, do olfato, descobrir o que é o objeto através do cheiro, da
audição, visão e degustação, em suma, todos os sentidos sensoriais.
NOVA
PROPOSTA CURRICULAR PARA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL I
"Entende-se o currículo como uma porção da
cultura, sistematizada em discursos e rituais pedagógicos (de ensino, de
aprendizagem, de avaliação, etc.), que, por ser considerado relevante num dado
momento histórico, é trazido para a escola com a intenção de tornar o mundo
inteligível para os alunos" (APPLE, 2002, p.06).
O currículo, em uma perspectiva, é uma forma de
socialização do conhecimento pela qual os indivíduos devem regular e
disciplinar a si próprios como membros de uma comunidade e da sociedade em
geral. Deste modo, estabelece uma relação de poder e regulação, uma vez que
indica regras e padrões que guiam os indivíduos ao produzir seu conhecimento
sobre a vida social, ou seja, sugere formas politicamente organizadas para os
mesmos constituírem a visões de si e do mundo.
Para promover a educação escolarizada nas unidades
da rede de ensino, busca-se conjuntamente refletir sobre a Proposta Curricular
já existente no Município e, a partir dela, construir princípios norteadores
que permitam contemplar as necessidades das escolas públicas do Ensino
Fundamental I.
A proposta curricular para o Ensino Fundamental I
tem como princípios orientadores:
- A educação inclusiva, voltada para a diversidade;
- A educação multicultural, voltada para a
complexidade; e,
- A educação integral.
A educação inclusiva, voltada para a diversidade,
visa à promoção da participação de todos os alunos, inclusive daqueles com
alguma necessidade especial ou que tenha alguma anomalia genética. Preocupa-se
com a adequação das condições e estruturas pedagógicas, de tal modo, que estas
atendam à diversidade do alunado e às dimensões da qualidade de atuação dos
professores e profissionais da educação.
A educação multicultural, voltada para a
complexidade, é entendida como aquela na qual se valoriza, respeita e integra
os conhecimentos de cada cultura e de cada sociedade, em suas relações com os
demais, com o meio envolvente e com sua própria natureza.
A educação integral volta-se às possibilidades de
uma visão de totalidade para os componentes envolvidos no Sistema de Educação,
em suas diversas maneiras de ensinar e de aprender significativamente, sem
perder a macro visão sobre outros elementos que se imbricam no fazer pedagógico
cotidiano.
Nos 1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental, tem-se
como objetivo a formação integral de todos os setores da personalidade humana,
preparando o aluno para a vida social e familiar, tendo por finalidade a
formação de uma pessoa segura de si mesma, capaz de dialogar com um mundo
pluralista, conservando seu patrimônio humano e enriquecendo-o em sua evolução
pessoal. Assim, vê-se três esferas a serem trabalhadas, a conceitual, a
procedimental e a atitudinal.
Conceitual: que diz respeito ao conhecimento de
conceitos, fatos e princípios. Aprender a aprender
Procedimental: referem-se ao "saber
fazer". Aprender a fazer
Atitudinal: associa valores, atitudes e normas.
Aprender a ser e conviver.
Para Zabala (1998, p.28 ), o professor que trabalha
com conceitos leva os alunos a um grau de reflexão sobre a atividade que está
realizando, ou seja, eles não repetem apenas o que o professor lhe mostra, mas
compreendem e entende o porquê de se realizar determinada atividade (dimensão
conceitual). O entendimento da atividade leva o aluno ao saber/fazer, ou seja,
o aluno se torna capaz de atingir um objetivo (dimensão procedimental). E, por
fim, entendendo o porquê e sabendo fazer, o aluno consequentemente sofre
mudanças de comportamento e atitudes, o que pode levar alunos, professores e
escola a um convívio mais harmônico (dimensão atitudinal).
Sugere-se como conteúdo para a Educação Física nos
1º, 2º e 3º anos do ensino fundamental (1ª e 2ª séries), a utilização direta
das capacidades físicas, intelectual e habilidades motoras na construção do
conhecimento. Com essa visão propõe-se:
a) O
esquema corporal, a coordenação motora global e fina, a coordenação viso-motor
e a arte;
b) A dança,
por meio das cantigas de roda, das danças regionais, as folclóricas e as de
movimentos expressivos;
c) Os jogos
de caráter recreativo, cooperativo, perceptivo e que utilizem ritmo;
d) A
socialização através dos brinquedos cantados, das danças infantis e do teatro
de fantoches.
Nos 3º e 4º anos do Ensino Fundamental os conteúdos
são:
a) A
ginástica, onde irão utilizar o alongamento e a aeróbica, a ginástica
localizada – visando perceber as capacidades do corpo -, e a acrobática;
b) A dança,
desenvolvida com músicas diversas, de diferentes etnias e atividades rítmicas -
ritmo, música, movimento, percussão corporal e utilização de materiais
(bexigas, sucatas, pandeiros, lenços, entre outros);
c) Os jogos
que são apresentados a esse ciclo são os pré-desportivos, os de raciocínio, os
cooperativos, os motores e os intelectivos;
d) O esporte
é introduzido através da dimensão histórica das modalidades esportivas, das
regras dos desportos individuais e coletivos – de forma contextualizada -, do
tema inclusão - esporte adaptado para pessoas com necessidade especiais -, da
iniciação ao atletismo, com as modalidades corrida, salto e arremesso, e
brincadeiras populares.
Portanto através desses conteúdos, o alunado,
compreenderá os saberes da disciplina expressando as emoções, desenvolvendo a
criatividade e saberá apreciar os valores estéticos presentes. O horizonte
cultural do aluno deverá ser amplo, e é através dos conhecimentos estéticos que
isto se dará.
Proporcionar uma formação intelectual elevada,
estimular a vontade pessoal para a aprendizagem, aperfeiçoar hábitos e técnicas
de estudo e trabalho, tanto individualmente como em equipe, ensinando a
aproveitar melhor o tempo, desenvolver atitudes e condutas básicas que
facilitem a integração do aluno à sociedade, assimilar de forma crítica uma
ampla gama de princípios e valores.
Segundo os PCNs os objetivos do ensino, "se
definem em termos de capacidades de ordem cognitiva, física, afetiva, de
relação interpessoal e inserção social, ética e estética, tendo em vista a
formação ampla".
Portanto, com o objetivo final de formar um aluno
que transcenda da sua existência à sua essência, na sua relação com o mundo,
sendo capaz de assimilar, refletir e reformular conhecimentos, podendo, ao
apropriar-se deles, compreender e redimensionar sua atuação na sua relação
consigo próprio, com o universo escolar e com a sociedade.
ANÁLISE
CONTEXTUAL DOS ASSUNTOS ABORDADOS
Durante o desenvolvimento do trabalho foi possível
fazer uma reflexão relacionando os conceitos e propostas oficiais para a
Educação Física nos vários níveis de ensino, com os conteúdos desenvolvidos
durante as aulas, observa-se que a disciplina não pode ser uma reprodução um
pouco mais elaborada passando de nível a nível de ensino, mas sim acreditando
em mudanças onde as aulas garantam, conforme os PCNs, um desenvolvimento
corporal significativo, fazendo com que os alunos, de forma lúdica e educativa,
aprendam diferentes conteúdos, tornando-se indivíduos capazes de enfrentar e
resolver situações na vida presente e futura.
Diante das reflexões apresentadas anteriormente
acerca da Educação Física nos vários níveis do Ensino Básico, é possível
identificar um distanciamento entre teoria e prática, e ainda entre o que
define o PCN e o que tem sido aplicado pelos professores nas atividades escolares.
Considerando o exposto, e a partir de experiência
enquanto acadêmicos da Universidade Vale do Acaraú, na disciplina de IESC
(Interação Escola Comunidade) que leva o acadêmicos a vivencia o espaço escolar
e suas interações, durante a qual pode-se observar uma repetição dos conteúdos
esportivos já vivenciados em níveis Ensino anteriores, buscou-se aqui destacar
diferentes experiências sobre a execução de outros tipos de atividades nas
aulas de Educação Física, sendo que na realidade escolar pouco se fala em
processos educativos e participativos entre alunos e professores.
Há por parte dos professores o esquecimento de
conteúdos que tratam de outros assuntos que possam ser de muita valia para o
aluno, tais como dança, jogos, lutas e expressão corporal, atividades essas que
podem fazer com que o aluno, auxiliado pelo professor, possa vir a desenvolver
um trabalho mais aprofundado, que vai proporcionar a construção do caráter dos
alunos, preparando-os para as diversas situações da vida cotidiana.
Neste sentido, a compreensão do movimento
encontra-se para além de simples interações de forças biomecânicas. Seja
através da dança, da expressão corporal, da ginástica, das modalidades
esportivas ou da recreação o educador deve procurar.
Considerando que a função primordial da escola é a
socialização dos conhecimentos historicamente produzidos, a Educação Física
como componente curricular da escola está vinculada a esta finalidade e,
portanto, deve garantir a socialização e democratização dos conhecimentos sobre
a realidade envolvendo a Cultura Corporal, além de promover o desenvolvimento
integral dos educandos a partir da realização de atividades relacionadas à
expressão corporal.
Tal perspectiva encaminha-se ainda em colocar o
indivíduo como sujeito transformador da realidade na qual está inserido.
Deve-se ter em mente que o problema só será
resolvido se houver uma real compreensão da Educação Física enquanto fenômeno
capaz de oportunizar, a todos os alunos, o desenvolvimento de suas
potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento
como seres humanos. Assim como o currículo tem sua função social que é ordenar
a reflexão pedagógica do aluno de forma a pensar a realidade social
desenvolvendo determinada lógica. Para desenvolvê-la, apropria-se do
conhecimento cientifico, confrontando-o com o saber que o aluno traz do seu
cotidiano e de outras referencias do pensamento humano (COLETIVO DE AUTORES,
1992. p. 27).
A Educação Física deve ser para todos os alunos,
sejam eles habilidosos e robustos ou descoordenados, baixinhos, de óculos e
gordinhos (DAOLIO, 1995, p.135).
Lidando com o corpo e o movimento na totalidade do
ser humano, a Educação Física busca, em última instância, a mudança de
consciência (GONÇALVES, 1997, p.158).
Ainda, além da mudança de consciência, é necessário
também a mudança de comportamento.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. R. Educação de jovens e adultos:
construindo estratégias.
Superando desafios. Sergipe,2007.
APPLE, Michael. Ideologia e Currículo. São Paulo.
Brasiliense, 2002.
BETTI, M.
Ensino de primeiro e segundo graus: educação física para quê? Revista
Brasileira de Ciências do Esporte. v.13, n. 2, 1992.
p. 282-287.
________. Ensino de primeiro e segundo graus:
educação física para quê? Revista
Brasileira de Ciências do Esporte. v.13, n. 2, 1992.
p. 285.
BRACHT, V. A Constituição das Teorias Pedagógicas da
Educação Física. In: Cadernos Cedes, n. 48, Corpo e Educação, 1999, p: 69-88.
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil. Brasília: mec. 1998.
_______. Resolução nº 2 de 07 de abril de 1998, do
Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica – MEC. Diretrizes
Curriculares Nacional para o Ensino Fundamental.
_______. Ministério
da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1997.
_______. Lei
n. 9.394, de 20/12/96. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Lex, São Paulo, v.6, n.36, p.3719-3739, dez. 1996.
_______,
Ministério da Educação, Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Ensino Médio / Ministério da Educação. Secretaria de
Educação Média e Tecnológica / Brasília: Ministério da Educação, 1999.
_______, Ministério da Educação, Secretaria da
Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio /
Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica / Brasília:
Ministério da Educação, 1999.
CARVALHO, E.
R. Temas em educação especial. Rio de janeiro: WVA, 1998.
CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil: a
História que não se conta. Campinas: Papirus, 1988.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino em
educação física. São Paulo,
Cortez, 1992.
Constituição da República Federativa do Brasil.
Texto promulgado em 05 de outubro de 1988.
DAOLIO,
Jocimar. Educação Física e o conceito de cultura. 2ª ed. Campinas, SP: Autores
Associados, 2007.
FERREIRA, A.
B. de H. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1993.
FREIRE, P.
Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo:
Scipione, 1989.
______. P.
Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 8. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1998.
______, P.
Conscientização. São Paulo, Cortez e Moraes, 1980.
______, P. Educação e atualidade brasileira. São
Paulo: Cortez Editora, 2001.
FREIRE, J. B. De corpo e alma: o discurso da
motricidade. São Paulo: Summus, 1991.
GALATTI, Larissa Rafaela. Qual a diferença entre
jogo e esporte? Disponível em:
<http://www.educacaofisica.com.br/index.php/escola/canais-escola/educacao-fisica-escolar/23278-qual-a-diferenca-entre-jogo-e-esporte>.
Acesso em: 03 out. 2012.
HADJI, C. Pensar e agir a educação: da inteligência
do desenvolvimento ao desenvolvimento da inteligência. Porto Alegre: Artmed,
2001.
JACOBI,
Pedro. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade, Cadernos de Pesquisa,
n.118. São Paulo: Fundação Carlos Chagas/Autores Associados, 2003, p. 189 -205.
JAPIASSÚ, H.
Interdisciplinaridade e Patologia do Saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
KUNZ, E.
Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí : Unijuí, 1994.
LANGLADE, A.;
LANGLADE, N. R. DE. Teoria General de la Gimnasia. Buenos Aires: Stadium, 1970.
Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996.
MARINHO, Inezil Penna. História da Educação Física
no Brasil. São Paulo. Cia do Brasil. s.d. 1980.
MOREIRA, W. W. Educação Física Escolar: uma
abordagem fenomenológica. Campinas: Ed. Unicamp, 1991. 13
MORIN, E. Os
sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000.
NOBRE, Moacyr Roberto Cucê. Qualidade de vida.
Disponível em:
<http://www.arquivosonline.com.br/pesquisartigos/Pdfs/1995/V64N4/64040002.pdf>.
Aceso em: 03 out. 2012
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Sobre diferenças individuais
e diferenças culturais: o lugar da abordagem histórico-cultural. In AQUINO, J.
G. Erro e fracasso na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo,
Summus, 1997.
OMS. Conceito de saúde segundo a OMS. Disponível em:
<http://www.alternativamedicina.com/medicina-tropical/conceito-saude>.
Acesso em: 03 out. 2012.
PACIEVITCH, Thais. Educação Infantil. Disponível em:
<http://www.infoescola.com/educacao/educacao-infantil/>. Acesso em: 02 out. 2012
PALMA, A. P. T. V.; PALMA, J. A.; OLIVEIRA, A. A. B.
Avaliação em Educação Física: verificando possibilidades. Anais do II Congresso
Internacional de Motricidade Humana, 2001, digital.
PAULA, Sandra Regina De; FARIA, Moacir Alves de.
Afetividade Na Aprendizagem. Revista Eletrônica Saberes da Educação – Volume 1
– nº 1 – 2010.
RAMOS, Glauco N. S. As dimensões dos conteúdos na
escola. In: I JORNADA ACADÊMICO-CIENTÍFICA, 1, 2000, Descalvado. Palestra.
Descalvado, 2000
REDIVO, Tatiana Bettio. A EVOLUÇÃO MOTORA E SOMÁTICA
DE CRIANÇAS DE SETE A OITO ANOS DE IDADE PRATICANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA
ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL SENADOR ALBERTO PASQUALINI. Disponível
em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/27758/000766315.pdf?sequence=1>.
Acesso em: 03 out. 2012.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão Social: O Novo
Paradigma. Disponível em:
<http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi¶metro=1061>. Acesso
em: 03 out. 2012.
SILVA, E.V.M.; VENÂNCIO, L. Aspectos legais da
educação física e integração à proposta pedagógica na escola. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2005.
SILVA, Pedro Luiz Barros; MELLO, Marcus André
Barreto de. O processo de implementação
de políticas públicas no Brasil: características e determinantes da avaliação
de programas e projetos. Campinas: NEPP/Unicamp, 2000.
SIQUEIRA, Juliano. Fundamentos para uma Politica
Cultural. In: Princípios. Revista Teórica, Politica e de Informação. N° 25.
maio-junho-julho, 1992: 61-65.
VAGO, Tarcísio Mauro. O "esporte na
escola" e o "esporte da escola": da negação radical para uma
relação de tensão permanente. Movimento - Ano III - Nº 5 - 1996/2. 17p.
VARJAL, Elizabeth. Subsídios para o trabalho
pedagógico no ciclo de organização de identificação dos dados da realidade.
Recife, 1990, mimeo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário