terça-feira, 23 de outubro de 2012

Análises dos Parâmetros Curriculares Nacionais, proposta municipal, e nova proposta para Educação Física no Ensino Fundamental I/AP


*ADELSON RAMOS VILHENA

*FARNEY GLEISON ALMEIDA LIMA

*JONIELSON FERREIRA DA COSTA

*JORGE WLISSES DOS SANTOS LIMA

*MALCICLEY SANTOS SOUSA


*Acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação Física, pela Universidade Vale do Acaraú-AP.







ANÁLISE DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL I

A concepção de corpo, mente e sociedade fundamenta os trabalhos de Educação Física. Segundo Marcel Mauss, muitos profissionais da área se norteiam pelo conceito de fato social total, já que propõe a existência de "uma totalidade na consideração do ser humano, englobando os aspectos fisiológicos, psicológico e social" (DAÓLIO, 2007, p. 4).

Apesar de suas origens militares e médicas, retratando um conceito social vigente, a Educação Física evoluiu de trabalhos simplesmente mecânicos para uma abordagem mais pedagógica e didática. Dessa forma, "cai por terra a visão tradicional da educação física como uma ação sobre o corpo físico, pois não há dimensão física isolada de uma totalidade biológica, social e psíquica" (DAÓLIO, 2007 p. 8).

Na escola a disciplina poderá favorecer o desenvolvimento da autonomia e ampliar relações socioculturais de um local, possibilitando a compreensão dos direitos a partir do exercício da cidadania. De acordo com João Batista Freire,

"a escola tradicional tem desconsiderado a cultura infantil, rica em movimentos, jogos, brinquedos e fantasia e tem optado por deixar a criança imóvel, na expectativa de que ela aprenda conceitos teóricos de forma disciplinada, castrando sua liberdade e criatividade" (DAÓLIO, 2007, p. 23).

Inserida em um contexto social a criança se desenvolve aprendendo valores e símbolos de um grupo que irão nortear a sua vida adulta. No entanto, o professor pode ser uma barreira para esse desenvolvimento, já que existem profissionais despreparados que, com práticas ultrapassadas, inibem certas culturas corporais, das quais fazem parte do cotidiano dessa criança. De outra forma, esse profissional pode instigar melhorias significativas no aluno.

A prática da Educação Física tem como objetivo desenvolver o aluno como um todo, no qual o aspecto psicomotor supera a repetição dos gestos estereotipados, possibilitando a construção de um potencial corporal total, e capacitando o indivíduo para refletir sobre suas possibilidades corporais.

Quanto mais a criança tiver vivências com práticas corporais diversificadas, maior será a automatização do movimento, canalizando mais atenção para outras atividades, já que certos movimentos fazem parte do seu cotidiano individual e coletivo, pois o aluno pode através de sentimentos e sensações, potencializar a aprendizagem das práticas da cultura corporal através de simples estímulos vindos, principalmente, da família e do professor.

Um dos temas polêmicos abordados dentro da Educação Física, em tempos passados e ainda hoje, é a questão da inclusão de pessoas com deficiências nas aulas, pois há muito se vem excluindo essas pessoas por falta de capacitação profissional para lidar com os problemas que possam ocorrer em uma aula mal ministrada. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no seu artigo 58, parágrafo III, os sistemas de educação devem ter em seu quadro "professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns" (LDB, 1996, p. 23). Sendo assim, pelo medo de falhar, prefere-se excluir do que se capacitar. No entanto, a grade curricular dos cursos foi modificada para preparar cada vez mais os profissionais para lidar com essa clientela.

Os conteúdos para o Ensino Fundamental I (1ª a 4ª séries) estão subdivididos em: esportes, jogos, lutas e ginásticas; atividades rítmicas e expressivas; e, conhecimentos sobre o corpo. A organização desses conteúdos está diretamente vinculada às características sociais e pessoais do aluno. Essas atividades têm como objetivo maximizar as expressões culturais atuantes no contexto onde estão inseridas, assim como apresenta-las a novas práticas, mais ainda, criar práticas corporais.

No primeiro ciclo (1ª e 2ª séries) a criança, tendo uma série de conhecimentos vivenciados ou não, é apresentada a novas práticas, como brincadeiras e jogos, onde, gradualmente são inseridas regras a serem seguidas, mas sempre de forma flexível, já que podem não ter tido contato com limites em certas atividades. Isso servirá para escola desenvolver o seu Projeto Político Pedagógico adaptado para cada período. Possibilitando a interação e reflexão dos alunos decorrente do contato com sua própria realidade. O professor deve "propiciar à criança a aquisição de habilidades motoras básicas, a fim de que seja facilitado a ela o aprendizado posterior das habilidades consideradas mais complexas, e assim propiciar uma evolução motora adequada" (REDIVO, 2010, p.20).

Ao final do primeiro ciclo os alunos deverão participar de atividades físicas variadas, pondo em prática sua autonomia e cooperação, executando trabalhos em grupo sem descriminação, transpondo as brincadeiras de caráter simbólico e individual para as brincadeiras sociais e com regras, predominando as de caráter mais simples visando um leque maior de possibilidades motoras.

Ao ingressar no segundo ciclo (3ª e 4ª séries) o aluno, com maior independência, deve ter a rotina escolar como parte integrante do seu dia-a-dia, buscando maiores desafios em atividades mais complexas, avaliando seus avanços e dificuldades através da percepção do próprio corpo.

Nesse momento o aluno deverá começar a fazer relação sobre os benefícios da atividade física para a saúde - a Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades" - e compreender e melhorar os sistemas básicos do movimento através das manifestações da cultura corporal e tomada de consciência do cuidado com o seu corpo e do outro, sem, em momento algum, demonstrar preconceito ou descriminação.

"Art. 205 -A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206 -O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; [...]" (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988, p. 34).

A noção de espaço e tempo se desenvolverá em conjunto com a aquisição feita no plano motor, já podendo aceitar o ponto de vista dos outros, observando o desenvolvimento das proporções corporais e as transformações no seu corpo à medida que cresce e é estimulado. Assim, preparando o físico, psicológico e social para uma nova fase, o Ensino Fundamental II (5ª a 8ª séries).


ANÁLISE DA PROPOSTA CURRICULAR DA SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO AMAPÁ PARA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL I

No primeiro ciclo (1ª e 2ª séries), que, no ensino de nove anos, compreende aos, 2º e 3º anos, e o 1º ano que correspondia a alfabetização (3º período), tem-se como objetivo sistematizar o processo de construção do conhecimento, envolvendo as diversas áreas do saber, reconhecendo a individualidade de cada um, sem deixar de valorizar o coletivo, através do processo de socialização, na busca do aprimoramento das capacidades, habilidades e aprendizagens necessárias à vida em sociedade para reestabelecer o equilíbrio entre a formação tecnológica, humana e a dimensão espiritual do individuo. Sendo assim, contemplados todos os saberes culturais.

As capacidades físicas e habilidades motoras na construção do conhecimento têm como conteúdo de aprendizagem no primeiro ciclo: esquema corporal, para conhecer o próprio corpo de forma geral e ser consciente dos limites orgânicos; espaço-temporal, para ter noção de espaço e tempo, para poder lançar um objeto ou deslocar-se sem esbarrar em obstáculos; dominância lateral, para saber distinguir os lados direito e esquerdo, frente e trás, cima e baixo e diagonais; equilíbrio, para criança saber onde fica seu ponto de equilíbrio para poder mantê-lo sem precisar se concentrar, fazendo com que seja um reflexo; coordenação global, que diz respeito à atividade dos grandes músculos e depende da capacidade de equilíbrio postural do aluno, como exemplo, andar, correr e saltar; coordenação motora fina, visa a utilização de habilidades motoras mais complexas, como amarrar o cadarço do tênis; coordenação viso-motor, que é a capacidade de coordenar a musculatura com o ato de olhar, do tipo que é exigida em tarefas como recortar, escrever, pintar, etc.

Segundo Bento esses conteúdos devem

"proporcionar intenção de uma prática constante na busca pela qualidade de vida através da dança, uma educação ética, moral e social, conhecimentos de habilidades e capacidades motoras essenciais e autonomia para prática do desporto nas horas de lazer" (DAÓLIO, 2007, p.38).

Os jogos também podem ser trabalhados dentro do ensino fundamental, mas de forma prazerosa, através da imitação de gestos, construção de novas atividades corporais, atividades simbólicas variadas, percepção da sua importância como agente construtor de uma nova realidade e atividades rítmicas para refinar, de forma descontraída, certos movimentos corporais. Então, procura-se identificar as peculiaridades de cada aluno e propiciar a eles momentos de socialização através de brinquedos, brincadeiras, jogos, danças infantis e teatro de fantoches.

No segundo ciclo (3ª e 4ª séries), que compreende, no ensino de nove anos, os 4º e 5º anos do ensino fundamental, tem-se a ginástica como demonstrativo das ferramentas básicas para aquisição de novos movimentos e culturas. O que propicia aos alunos vivências da cultura local, e o contato com novas culturas, através de danças populares e folclóricas, sempre enfatizando a utilização do ritmo e a relação histórica-social dos movimentos utilizados.

Dessa forma o professor irá indicar ao seu aluno conteúdos referentes às vivências dele e de parentes próximos, já que estará utilizando a cultura contextual. Na mesma perspectiva vê-se a importância de conhecer outras formas de danças e movimentos corporais de outras localidades.

Outra forma de demonstrar novas habilidades é apresentar a ginástica, uma das principais ferramentas para utilização de novos movimentos para esse período, em seu caráter verdadeiro, pois ao se falar de ginástica, logo se pensa em rendimento e movimentos impossíveis de realizar e que dentro da escola, para a nova concepção de educação, ela não se encaixa. Assim, tem que apresentar essa prática associada à música e à utilização de alguns objetos, que podem ser feitos de materiais alternativos e com a imaginação dos alunos.

Com o emprego dessas atividades, dinâmicas, a criança fica mais instigada a aprender, já que estão recebendo uma educação lúdica, e aguçando o interesse pela ginástica "da" escola, que tem o mesmo significado de esporte "da" escola, já que Vago (1996, p. 9) diz que é "uma prática da cultura escolar, com seus códigos próprios". E que saiba que esse é um instrumento que pode ser montado em conjunto com o professor.

Nessa etapa são inseridos jogos de cunho motor, intelectivo, dramático e sensorial. Onde o motor é representado pelo manuseio de alguns objetos e do domínio dos próprios movimentos corporais; o intelectivo, que é, por exemplo, representado pelo xadrez, já que um jogo que depende basicamente da atenção, percepção, avaliação de situações, táticas e estratégias; o dramático pode ser representado pela mímica, pois é uma forma de expor algo através dos gestos, ou, dramatização de alguma cena ou situação como prenda; e, o sensorial pode ser colocado através da utilização do tato, como modelar algo, do olfato, descobrir o que é o objeto através do cheiro, da audição, visão e degustação, em suma, todos os sentidos sensoriais.


NOVA PROPOSTA CURRICULAR PARA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL I

"Entende-se o currículo como uma porção da cultura, sistematizada em discursos e rituais pedagógicos (de ensino, de aprendizagem, de avaliação, etc.), que, por ser considerado relevante num dado momento histórico, é trazido para a escola com a intenção de tornar o mundo inteligível para os alunos" (APPLE, 2002, p.06).

O currículo, em uma perspectiva, é uma forma de socialização do conhecimento pela qual os indivíduos devem regular e disciplinar a si próprios como membros de uma comunidade e da sociedade em geral. Deste modo, estabelece uma relação de poder e regulação, uma vez que indica regras e padrões que guiam os indivíduos ao produzir seu conhecimento sobre a vida social, ou seja, sugere formas politicamente organizadas para os mesmos constituírem a visões de si e do mundo.

Para promover a educação escolarizada nas unidades da rede de ensino, busca-se conjuntamente refletir sobre a Proposta Curricular já existente no Município e, a partir dela, construir princípios norteadores que permitam contemplar as necessidades das escolas públicas do Ensino Fundamental I.

A proposta curricular para o Ensino Fundamental I tem como princípios orientadores:

- A educação inclusiva, voltada para a diversidade;

- A educação multicultural, voltada para a complexidade; e,

- A educação integral.

A educação inclusiva, voltada para a diversidade, visa à promoção da participação de todos os alunos, inclusive daqueles com alguma necessidade especial ou que tenha alguma anomalia genética. Preocupa-se com a adequação das condições e estruturas pedagógicas, de tal modo, que estas atendam à diversidade do alunado e às dimensões da qualidade de atuação dos professores e profissionais da educação.

A educação multicultural, voltada para a complexidade, é entendida como aquela na qual se valoriza, respeita e integra os conhecimentos de cada cultura e de cada sociedade, em suas relações com os demais, com o meio envolvente e com sua própria natureza.

A educação integral volta-se às possibilidades de uma visão de totalidade para os componentes envolvidos no Sistema de Educação, em suas diversas maneiras de ensinar e de aprender significativamente, sem perder a macro visão sobre outros elementos que se imbricam no fazer pedagógico cotidiano.

Nos 1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental, tem-se como objetivo a formação integral de todos os setores da personalidade humana, preparando o aluno para a vida social e familiar, tendo por finalidade a formação de uma pessoa segura de si mesma, capaz de dialogar com um mundo pluralista, conservando seu patrimônio humano e enriquecendo-o em sua evolução pessoal. Assim, vê-se três esferas a serem trabalhadas, a conceitual, a procedimental e a atitudinal.

Conceitual: que diz respeito ao conhecimento de conceitos, fatos e princípios. Aprender a aprender

Procedimental: referem-se ao "saber fazer". Aprender a fazer

Atitudinal: associa valores, atitudes e normas. Aprender a ser e conviver.

Para Zabala (1998, p.28 ), o professor que trabalha com conceitos leva os alunos a um grau de reflexão sobre a atividade que está realizando, ou seja, eles não repetem apenas o que o professor lhe mostra, mas compreendem e entende o porquê de se realizar determinada atividade (dimensão conceitual). O entendimento da atividade leva o aluno ao saber/fazer, ou seja, o aluno se torna capaz de atingir um objetivo (dimensão procedimental). E, por fim, entendendo o porquê e sabendo fazer, o aluno consequentemente sofre mudanças de comportamento e atitudes, o que pode levar alunos, professores e escola a um convívio mais harmônico (dimensão atitudinal).

Sugere-se como conteúdo para a Educação Física nos 1º, 2º e 3º anos do ensino fundamental (1ª e 2ª séries), a utilização direta das capacidades físicas, intelectual e habilidades motoras na construção do conhecimento. Com essa visão propõe-se:

a)    O esquema corporal, a coordenação motora global e fina, a coordenação viso-motor e a arte;

b)   A dança, por meio das cantigas de roda, das danças regionais, as folclóricas e as de movimentos expressivos;

c)    Os jogos de caráter recreativo, cooperativo, perceptivo e que utilizem ritmo;

d)   A socialização através dos brinquedos cantados, das danças infantis e do teatro de fantoches.

Nos 3º e 4º anos do Ensino Fundamental os conteúdos são:

a)    A ginástica, onde irão utilizar o alongamento e a aeróbica, a ginástica localizada – visando perceber as capacidades do corpo -, e a acrobática;

b)   A dança, desenvolvida com músicas diversas, de diferentes etnias e atividades rítmicas - ritmo, música, movimento, percussão corporal e utilização de materiais (bexigas, sucatas, pandeiros, lenços, entre outros);

c)    Os jogos que são apresentados a esse ciclo são os pré-desportivos, os de raciocínio, os cooperativos, os motores e os intelectivos;

d)   O esporte é introduzido através da dimensão histórica das modalidades esportivas, das regras dos desportos individuais e coletivos – de forma contextualizada -, do tema inclusão - esporte adaptado para pessoas com necessidade especiais -, da iniciação ao atletismo, com as modalidades corrida, salto e arremesso, e brincadeiras populares.

Portanto através desses conteúdos, o alunado, compreenderá os saberes da disciplina expressando as emoções, desenvolvendo a criatividade e saberá apreciar os valores estéticos presentes. O horizonte cultural do aluno deverá ser amplo, e é através dos conhecimentos estéticos que isto se dará.

Proporcionar uma formação intelectual elevada, estimular a vontade pessoal para a aprendizagem, aperfeiçoar hábitos e técnicas de estudo e trabalho, tanto individualmente como em equipe, ensinando a aproveitar melhor o tempo, desenvolver atitudes e condutas básicas que facilitem a integração do aluno à sociedade, assimilar de forma crítica uma ampla gama de princípios e valores.

Segundo os PCNs os objetivos do ensino, "se definem em termos de capacidades de ordem cognitiva, física, afetiva, de relação interpessoal e inserção social, ética e estética, tendo em vista a formação ampla".

Portanto, com o objetivo final de formar um aluno que transcenda da sua existência à sua essência, na sua relação com o mundo, sendo capaz de assimilar, refletir e reformular conhecimentos, podendo, ao apropriar-se deles, compreender e redimensionar sua atuação na sua relação consigo próprio, com o universo escolar e com a sociedade.


ANÁLISE CONTEXTUAL DOS ASSUNTOS ABORDADOS

Durante o desenvolvimento do trabalho foi possível fazer uma reflexão relacionando os conceitos e propostas oficiais para a Educação Física nos vários níveis de ensino, com os conteúdos desenvolvidos durante as aulas, observa-se que a disciplina não pode ser uma reprodução um pouco mais elaborada passando de nível a nível de ensino, mas sim acreditando em mudanças onde as aulas garantam, conforme os PCNs, um desenvolvimento corporal significativo, fazendo com que os alunos, de forma lúdica e educativa, aprendam diferentes conteúdos, tornando-se indivíduos capazes de enfrentar e resolver situações na vida presente e futura.

Diante das reflexões apresentadas anteriormente acerca da Educação Física nos vários níveis do Ensino Básico, é possível identificar um distanciamento entre teoria e prática, e ainda entre o que define o PCN e o que tem sido aplicado pelos professores nas atividades escolares.

Considerando o exposto, e a partir de experiência enquanto acadêmicos da Universidade Vale do Acaraú, na disciplina de IESC (Interação Escola Comunidade) que leva o acadêmicos a vivencia o espaço escolar e suas interações, durante a qual pode-se observar uma repetição dos conteúdos esportivos já vivenciados em níveis Ensino anteriores, buscou-se aqui destacar diferentes experiências sobre a execução de outros tipos de atividades nas aulas de Educação Física, sendo que na realidade escolar pouco se fala em processos educativos e participativos entre alunos e professores.

Há por parte dos professores o esquecimento de conteúdos que tratam de outros assuntos que possam ser de muita valia para o aluno, tais como dança, jogos, lutas e expressão corporal, atividades essas que podem fazer com que o aluno, auxiliado pelo professor, possa vir a desenvolver um trabalho mais aprofundado, que vai proporcionar a construção do caráter dos alunos, preparando-os para as diversas situações da vida cotidiana.

Neste sentido, a compreensão do movimento encontra-se para além de simples interações de forças biomecânicas. Seja através da dança, da expressão corporal, da ginástica, das modalidades esportivas ou da recreação o educador deve procurar.

Considerando que a função primordial da escola é a socialização dos conhecimentos historicamente produzidos, a Educação Física como componente curricular da escola está vinculada a esta finalidade e, portanto, deve garantir a socialização e democratização dos conhecimentos sobre a realidade envolvendo a Cultura Corporal, além de promover o desenvolvimento integral dos educandos a partir da realização de atividades relacionadas à expressão corporal.

Tal perspectiva encaminha-se ainda em colocar o indivíduo como sujeito transformador da realidade na qual está inserido.

Deve-se ter em mente que o problema só será resolvido se houver uma real compreensão da Educação Física enquanto fenômeno capaz de oportunizar, a todos os alunos, o desenvolvimento de suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos. Assim como o currículo tem sua função social que é ordenar a reflexão pedagógica do aluno de forma a pensar a realidade social desenvolvendo determinada lógica. Para desenvolvê-la, apropria-se do conhecimento cientifico, confrontando-o com o saber que o aluno traz do seu cotidiano e de outras referencias do pensamento humano (COLETIVO DE AUTORES, 1992. p. 27).

A Educação Física deve ser para todos os alunos, sejam eles habilidosos e robustos ou descoordenados, baixinhos, de óculos e gordinhos (DAOLIO, 1995, p.135).

Lidando com o corpo e o movimento na totalidade do ser humano, a Educação Física busca, em última instância, a mudança de consciência (GONÇALVES, 1997, p.158).

Ainda, além da mudança de consciência, é necessário também a mudança de comportamento.





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