terça-feira, 23 de outubro de 2012

Análises do Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, proposta municipal, e nova proposta para Educação Física na Educação Infantil/AP


*ADELSON RAMOS VILHENA

*FARNEY GLEISON ALMEIDA LIMA

*JONIELSON FERREIRA DA COSTA

*JORGE WLISSES DOS SANTOS LIMA

*MALCICLEY SANTOS SOUSA


*Acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação Física, pela Universidade Vale do Acaraú-AP.






APRESENTAÇÃO

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), foi um documento criado em 1996, com o intuito de nortear a educação básica nacional, a qual era posta de forma fragmentada e que era individualizada, já que cada estado e município tinha seu próprio componente curricular, fazendo, muita das vezes, a supressão de certos conhecimentos. Com a criação dos PCNs os conteúdos foram postos de forma a manter um único currículo para o país. Assim, pôde-se verificar uma mudança significativa na aplicação dos conteúdos, pois esse documento apenas norteava a execução do conteúdo macro, deixando a cargo do estado, município, escola e do professor o método de ensinar e as vertentes que seriam abordadas dentro de cada tema proposto.

Os componentes curriculares indicados por cada estado são postos de forma obrigatória. Mas, muitos desses não seguem essa norma. É o que acontece com frequência na construção do Projeto Político Pedagógico (PPP), em que muitas instituições não fazem as reformulações desse documento, o que acarreta em uma educação defasada, já que utilizam o mesmo planejamento dos anos anteriores, mesmo havendo várias mudanças no contexto onde se inserem.

Em cima desses documentos foram realizadas análises que apontam pontos positivos e negativos, de forma subjetiva, pois não estão explícitos. Destarte, apresentar-se-á as seguintes análises e construções de propostas: análise do Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, análise da Proposta Curricular do Centro de Educação Infantil Maria Imaculada, nova Proposta Curricular para a Educação Física na Educação Infantil e uma análise contextualizada de todos os temas anteriormente abordados.


ANÁLISE DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA EDUCAÇÃO INFANTIL

Embora as crianças desenvolvam suas capacidades de maneira heterogênea, a educação tem por função criar condições para o desenvolvimento integral de todas as crianças, considerando, também, as possibilidades de aprendizagem que apresentam nas diferentes faixas etárias através de uma atuação que propicia o desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem física, afetiva, cognitiva, ética, estética, de relação interpessoal e social.

A definição dos objetivos em termos de capacidades e não de comportamentos visa ampliar a possibilidade de concretização das intenções educativas, uma vez que as capacidades se expressam por meio de diversos comportamentos e as aprendizagens que convergem para ela podem ser de naturezas diversas. Ao estabelecer objetivos nesses termos, o professor amplia suas possibilidades de atendimento à diversidade apresentada pelas crianças, podendo considerar diferentes habilidades, interesses e maneiras de aprender no desenvolvimento de cada capacidade e na forma de cada aprendizado.

Respeito à diversidade dos alunos é parte integrante da proposta de ensino-aprendizagem, para que seja incorporada pelas crianças. A atitude de aceitação do outro em suas diferenças e particularidades precisa estar presente nos atos e atitudes dos adultos com os quais convivem na escola. Começando pelas diferenças de temperamento, de habilidades e de conhecimentos, até as diferenças de gênero, de etnia e de religião, o respeito a essa diversidade deve permear as relações cotidianas. É tarefa primordial da escola a difusão de conteúdos, não abstratos, mas vivos e concretos, da realidade social.

"Educar a criança para a vida, desenvolver nela habilidades necessárias para a sua inserção nos diferentes ambientes da sociedade, participando, sugerindo, propondo, reformulando, superando-se. E, para isto, não basta à Educação Física ser movimento sob a visão de apenas movimentar-se, ele tem que ir além do desenvolvimento das capacidades físicas" (SILVA; MELLO, 2000, p.3).

Um ensino que segue a linha do diálogo, compreensão e participação integral baseia-se em relações diretas da experiência do aluno, o que se presta aos interesses sociais, já que a própria unidade escolar pode contribuir para eliminar a seletividade social e torná-la democrática.

Segundo Jean Piaget (DAÓLIO, 2007, p. 32), a "condição para que a escola sirva aos interesses sociais" é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos curriculares básicos que tenham ressonância na vida dos alunos.

Entendida nesse sentido, a Educação Física é uma das mediações pela qual o aluno, pela intervenção do professor e por sua própria participação ativa, passa de uma experiência inicialmente confusa e fragmentada, a uma visão sistematizada e unificada.

Em síntese, a atuação da escola consiste na preparação do aluno para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental por meio da aquisição de conteúdo e da socialização, para uma participação organizada e ativa da democratização na sociedade.

Se o objetivo da escola é privilegiar a aquisição do saber, e de um saber vinculado à realidade social, é preciso que os métodos favoreçam a correspondência dos conteúdos com os interesses dos alunos e que estes possam reconhecer nos conteúdos, o auxílio ao seu esforço de compreensão da realidade.

Nessa proposta metodológica tem-se como finalidade o desenvolvimento do educando como um todo, através do desabrochar de vários aspectos da criança, inspirada nas teorias de Jean Piaget e Maria Montessori, adaptadas e transformadas ao ensino tradicional, através de planejamentos adequados a cada faixa etária, com conteúdo forte e constante, propiciando assim a estabilidade de ensino e lógica sequencial do mesmo na vida escolar do aluno.

Com inspiração na pedagogia da psicogenética de Jean Piaget e nas propostas educacionais de Maria Montessori:

"Buscamos a integralização da criança através do desenvolvimento dos aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais, de onde são originadas todas as atividades dos currículos de cada curso, desenvolvidos mês a mês, semana a semana, através de planejamentos" (DAÓLIO, 2007, p. 25).

Brincar é uma importante forma de comunicação e é por meio deste ato que a criança pode reproduzir o seu cotidiano. O ato de brincar facilita o processo de aprendizagem da criança, pois ajuda na construção da reflexão, da autonomia e da criatividade, estabelecendo, desta forma, uma relação estreita entre jogo e aprendizagem.

Para definir a brincadeira infantil, ressaltamos a importância do brincar para o desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo. Para isso, se faz necessário sensibilizar os pais, educadores e sociedade em geral sobre à ludicidade que deve estar sendo vivenciada na infância, ou seja, de que o brincar faz parte de uma aprendizagem prazerosa não sendo somente lazer, mas sim, um ato de educar.

O brincar na educação infantil proporciona na criança o estabelecimento de regras constituídas por si e em grupo, contribuindo na integração do indivíduo na sociedade. Deste modo, à criança estará resolvendo conflitos e hipóteses de conhecimento e, ao mesmo tempo, desenvolvendo a capacidade de compreender pontos de vista diferentes, de fazer-se entender e de demonstrar sua opinião em relação aos outros. É importante perceber e incentivar a capacidade criadora das crianças, pois esta se constitui numa das formas de relacionamento e recriação do mundo, na perspectiva da lógica infantil.

A Educação Física na Educação Infantil é vista como prática pedagógica que através da reflexão sobre a cultura corporal, realiza uma ação pedagógica sobre todas as formas de representação do mundo que os seres humanos constroem no decorrer da vida.

Na perspectiva da abordagem crítico-superadora da Educação Infantil é tratado de forma que possibilite as crianças à compreensão dos princípios da lógica dialética materialista, de totalidade, movimento, mudança qualitativa e contradição.

A contradição posta na alternativa sugerida por Kramer e outros (2003), pode ser indício da impossibilidade de formação de uma "super" professora de Educação Infantil, que assume todas as demandas da formação da criança.

O professor que atua na educação infantil deve ter uma preocupação específica de como lidar com as crianças no dia-a-dia e em situações especiais. Ao se tratar de alunos iniciantes no convívio escolar surgem situações diferentes e inesperadas em relação às demais fases escolares.

Por fim, a criança tem um jeito próprio de encarar as novas etapas que vão surgindo em sua vida, muitas vezes pais e educadores encaram esses acontecimentos com maior dificuldade que a própria criança que está passando por determinada vivência.
O ideal é que o professor tenha algumas atitudes, estratégias e comportamentos que favoreçam uma melhor aceitação e desenvolvimento dessa criança no ambiente escolar e até mesmo no seu dia-a-dia, podendo, inclusive, colocar em prática certos conhecimentos adquiridos, que de forma espontânea a criança possa desenvolver habilidades e a adquirir autonomia para o seu desenvolvimento.


ANÁLISE DA PROPOSTA CURRICULAR DO CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL MARIA IMACULADA

A Educação Infantil é um dilema entre as discussões nas mais diversas esferas de governo, pois ainda é uma peça educacional a qual não se deposita muito valor. Haja vista que os maiores conhecedores, dessa fundamental ferramenta, são os escritores e pesquisadores da área infantil, os quais não participam das exposições argumentativas que discutem sobre a importância de se instalar um documento ou lei que transforme da forma facultada para obrigatória essa fase de ensino.

A aplicação da Educação Infantil, segundo a Lei de Diretrizes Bases da Educação Nacional (LDB), no seu artigo 30, da Lei nº 9.394/96, sustenta que a "educação infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade". Mas, como o Estado do Amapá não dispõe de creches e pré-escolas em quantidade suficiente para suprir essa demanda, a Educação Infantil é posta de forma facultada, pois é um ensino em que "a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental" (LDB, Lei 9.394/96, Art. 31). Sendo assim, ela não retém.

A implantação de Centros de Educação Infantil, vista como facultada, é de responsabilidade dos municípios, pois é o que contempla o artigo 211 da Constituição Federal de 1988, no § 2º: "Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e pré-escolar". No entanto, não exime o Estado de cumprir o seu papel com a educação de base, já que no artigo 208 da Constituição, expõe que o "dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: [...] IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade".

Além da discussão sobre responsabilidade de quem e por que. Tem-se outro entrave no que diz respeito ao documento que dá embasamento aos conteúdos do ensino, pois diferente do Ensino Fundamental I e II, Médio e Educação de Jovens e Adultos, que têm Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) como documento norteador, "a Educação Infantil não tem currículo formal" (PACIEVITCH, 2008). A Secretaria de Estado da Educação (Seed) não apresentou nenhum documento equivalente às competências desse ensino, mesmo sabendo da existência de um Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, que foi divulgado em 1998 pelo Ministério da Educação (MEC), "um documento equivalente aos Parâmetros Curriculares Nacionais" (PACIEVITCH, 2008).

Então, se a educação básica compreende os ensinos infantil, fundamental I e II e médio, por que a fase de criação da identidade da criança é posta como facultada? Com esse questionamento, vê-se a despreocupação no que diz respeito à implantação de um sistema que, de forma integral, vise a autonomia de pensamentos. A resposta está na facilidade em que os governos passados e os de hoje têm em alienar a sociedade, pois um cidadão que se veja como agente transformador e que saiba corretamente seus direitos, é considerado como ameaça ao monopólio financeiro das grandes administrações.

Esse é apenas um dos fatores em que a evolução da educação esbarra. Dessa forma, a política é exercida de maneira deturpada, já que vê-se como uma forma de dominar e tirar lucro da situação em que se encontra. Conceito contrário ao real, pois, seria a forma de expor ideias e ações que beneficiassem coletivo.

De acordo com o que rege o Referencial, a instituição deve dispor de um ambiente que acolha, dê segurança e confiança às crianças, para que sejam capazes de utilizar os recursos para a satisfação de suas necessidades essenciais, expressando seus desejos e sentimentos, agindo de forma progressiva para alcançar a autonomia. Dessa forma, a criança tem a oportunidade de se tornar cada vez mais independente, segura e capaz de construir suas próprias concepções, através de decisões e iniciativas pertinentes à idade. Nesse contexto, ao conviver com outras pessoas, ela aprende a lidar com frustrações e limites, a expor o que pensa e sente e a definir suas preferências, fortalecendo a sua autoestima e o respeito por si e pelos outros.

Ainda, embasado no Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, os objetivos propostos pelo documento discorrem a respeito da familiarização com a imagem do próprio corpo, exploração das possibilidades de gestos e ritmos corporais para expressarem-se nas brincadeiras e nas demais situações de interação, desenvolvendo atitude de confiança nas próprias capacidades motoras, explorado e utilizando movimentos do seu cotidiano para uso de uma habilidade motora em estágio de transição, que passa da básica para refinada.

Desse modo, é prioritário considerar as especificidades e necessidades infantis para atender as suas singularidades, integrando as funções de educar, cuidar e brincar, sempre estabelecendo parceria com a família, já que é o berço da educação, pois a escola ajuda a desenvolver certas culturas e apresentá-las a outras.


NOVA PROPOSTA CURRICULAR PARA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL DO AMAPÁ

A proposta curricular da Educação Infantil tem como objetivo orientar os docentes em sua práxis para que as crianças, tendo reconhecido os seus direitos, sejam encaminhadas para um desenvolvimento integral de sua identidade e cresçam como cidadãos.

Segundo o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) – conhecida atualmente como FUNDEF - em seu Art. 60 determina que: agora é definitivo, todas as crianças a partir dos seis anos de idade devem estar matriculadas no ensino fundamental. Portanto a Educação Infantil atenderá crianças de 0 a 5 anos e 9 meses.

Destacam-se os seguintes eixos de trabalho: movimento, artes, linguagem oral e escrita, e natureza e sociedade. Os eixos supracitados devem ser desenvolvidos de forma coordenada, pois são os responsáveis em preparar a criança para o processo de alfabetização e de raciocínio abstrato. Considerando que, para a criança passar este estágio cognitivo, alfabetização e raciocínio abstrato, é necessário que ela tenha passado por experiências concretas que irão prepara-la para os conhecimentos mais completos. Então, entende-se que a criança não pode queimar etapas em seu desenvolvimento, já que estaria perdendo a base de certos conhecimentos.

Movimento: movimentar diferentes materiais, perceber marcas, gestos, texturas, mímicas, brincadeiras, danças, jogos e demais situações de interação e aprendizagem, explorando o espaço físico e construindo objetos variados.

Linguagem oral: expressar-se por meio da fala nas diferentes situações que envolvam a comunicação, utilizando-se de recursos de suas vivências, histórias, brincadeiras e outros que despertem o interesse pelo exercício da oralidade.

Linguagem escrita: familiarizar-se com a escrita através do contato com livros, revistas, histórias infantis e manuseio de objetos como lápis, pincel, jogos e brinquedos pedagógicos que possibilitem o desenvolvimento motor.

Natureza e sociedade: estabelecer contato com o ambiente aprendendo noções de cuidados necessários com os objetivos, animais e plantas do meio que vive.

Quanto ao conteúdo a ser oferecido para crianças com 2 anos de idade (Maternal I). Ela deve aprender sobre:

a)    O conceito de família e quais membros pertencem a ela;

b)   Cuidados com o próprio corpo e com os alimentos;

c)    Noções de segurança, principalmente, no manuseio de brinquedos, utensílios e objetos em geral;

d)   Apresentação às vogais, para que possam reconhecer e identifica-las;

e)    Estudo do próprio nome, para reconhecê-lo;

f)    Noções sobre as partes do corpo humano;

g)   Apresentação de alguns seres vivos, como animais e plantas; e,

h)   Expressão corporal, através de mímicas, relaxamento e execução de gestos.

Dessa forma a criança terá noções básicas para serem refinadas durante as fases seguintes. Já que para crianças com 3 anos de idade (Maternal II) deve-se realizar a introdução:

a)    Às letras do alfabeto, vogais e consoantes;

b)   À narração de fatos e leituras, através de dramatização e histórias cantadas;

c)    Aos tipos de alimentos, vegetal e animal;

d)   De alguns seres vivos, plantas e animais; e,

e)    À expressão corporal, por meio da mímica, dança, relaxamento e execução de gestos.

Para as crianças com 4 anos de idade (1º período) tem-se como proposta de conteúdos:

a)    O conceito de família, de forma mais aprofundada, a importância e valores e costumes vigentes nesse círculo;

b)   Estudo do alfabeto, onde serão utilizadas as vogais e consoantes, e a formação de palavras;

c)    Os cuidados com o próprio corpo e a utilização dos órgãos do sentido; e,

d)   A expressão corporal pela mímica, danças e execução de gestos.

Na etapa final da Educação Infantil, crianças com 5 anos de idade (2º período), tem-se que repassar conteúdos referentes:

a)    Aos cuidados com a higiene corporal, com a alimentação e com o meio ambiente;

b)   À produção escrita, utilizando a representação escrita dos sons vocálicos e consonantais;

c)    Os lugares e paisagens, tanto local quanto estadual, nacional e internacional, quais as mudanças que elas sofrem ou sofreram e a preservação delas; e,

d)   Expressão corporal associada à coordenação motora global e fina, já que começarão a desenvolver a escrita.

É através desses conteúdos que o professor poderá viabilizar o processo de maturação da aprendizagem das crianças considerando as capacidades cognitivas, afetivas, motoras, interesses e as necessidades, o que implica no conhecimento e na atenção às suas características físicas, sociais e psicológicas. Fazendo com que criança a fique consciente que ela é agente da história pessoal e social e que, por isso, é responsável e deve desenvolver um senso de disciplina, sem constrangimento ou limitação, fazendo com que ela mesma se descubra. Utilizando o brincar como uma forma de estimular a curiosidade e a criatividade, o que remete à criança a descoberta e a sua capacidade expressiva, promovendo a interação dela com os objetos e adultos para conhecê-los através da ação, adquirindo, desta maneira, formação pessoal e social e conhecimento de mundo.

Os objetivos estabelecidos deverão ser mais detalhados e ampliados, ofertando possibilidades para que as crianças sejam capazes de ter uma visão positiva de si, aumentando sua autoconfiança, através da consciência corporal, de forma que consiga avaliar suas limitações e possibilidades, identificando e enfrentando situações de conflitos do cotidiano, utilizando-se da construção da autonomia.

Esses objetivos estão amparados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no seu artigo 29, pois diz que "a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade".

Como objetivo final, o aluno deve se enxergar como ser integrante de vários círculos sociais, conhecendo e respeitando as regras básicas daquela sociedade para usufruir de um convívio harmonioso.


ANÁLISE CONTEXTUAL DOS ASSUNTOS ABORDADOS

Durante o desenvolvimento do trabalho foi possível fazer uma reflexão relacionando os conceitos e propostas oficiais para a Educação Física nos vários níveis de ensino, com os conteúdos desenvolvidos durante as aulas, observa-se que a disciplina não pode ser uma reprodução um pouco mais elaborada passando de nível a nível de ensino, mas sim acreditando em mudanças onde as aulas garantam, conforme os PCNs, um desenvolvimento corporal significativo, fazendo com que os alunos, de forma lúdica e educativa, aprendam diferentes conteúdos, tornando-se indivíduos capazes de enfrentar e resolver situações na vida presente e futura.

Diante das reflexões apresentadas anteriormente acerca da Educação Física nos vários níveis do Ensino Básico, é possível identificar um distanciamento entre teoria e prática, e ainda entre o que define o PCN e o que tem sido aplicado pelos professores nas atividades escolares.

Considerando o exposto, e a partir de experiência enquanto acadêmicos da Universidade Vale do Acaraú, na disciplina de IESC (Interação Escola Comunidade) que leva o acadêmicos a vivencia o espaço escolar e suas interações, durante a qual pode-se observar uma repetição dos conteúdos esportivos já vivenciados em níveis Ensino anteriores, buscou-se aqui destacar diferentes experiências sobre a execução de outros tipos de atividades nas aulas de Educação Física, sendo que na realidade escolar pouco se fala em processos educativos e participativos entre alunos e professores.

Há por parte dos professores o esquecimento de conteúdos que tratam de outros assuntos que possam ser de muita valia para o aluno, tais como dança, jogos, lutas e expressão corporal, atividades essas que podem fazer com que o aluno, auxiliado pelo professor, possa vir a desenvolver um trabalho mais aprofundado, que vai proporcionar a construção do caráter dos alunos, preparando-os para as diversas situações da vida cotidiana.

Neste sentido, a compreensão do movimento encontra-se para além de simples interações de forças biomecânicas. Seja através da dança, da expressão corporal, da ginástica, das modalidades esportivas ou da recreação o educador deve procurar.

Considerando que a função primordial da escola é a socialização dos conhecimentos historicamente produzidos, a Educação Física como componente curricular da escola está vinculada a esta finalidade e, portanto, deve garantir a socialização e democratização dos conhecimentos sobre a realidade envolvendo a Cultura Corporal, além de promover o desenvolvimento integral dos educandos a partir da realização de atividades relacionadas à expressão corporal.

Tal perspectiva encaminha-se ainda em colocar o indivíduo como sujeito transformador da realidade na qual está inserido.

Deve-se ter em mente que o problema só será resolvido se houver uma real compreensão da Educação Física enquanto fenômeno capaz de oportunizar, a todos os alunos, o desenvolvimento de suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos. Assim como o currículo tem sua função social que é ordenar a reflexão pedagógica do aluno de forma a pensar a realidade social desenvolvendo determinada lógica. Para desenvolvê-la, apropria-se do conhecimento cientifico, confrontando-o com o saber que o aluno traz do seu cotidiano e de outras referencias do pensamento humano (COLETIVO DE AUTORES, 1992. p. 27).

A Educação Física deve ser para todos os alunos, sejam eles habilidosos e robustos ou descoordenados, baixinhos, de óculos e gordinhos (DAOLIO, 1995, p.135).

Lidando com o corpo e o movimento na totalidade do ser humano, a Educação Física busca, em última instância, a mudança de consciência (GONÇALVES, 1997, p.158).

Ainda, além da mudança de consciência, é necessário também a mudança de comportamento.


CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

A educação infantil, primeira etapa da educação básica tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. De acordo com a Lei, a educação infantil deve ser oferecida em creches para as crianças de 0 a 3 anos, e em pré-escolas para as crianças de 4 e 5 anos. Porém ela não é obrigatória. Dessa forma, a implantação de Centros de Educação Infantil é facultativa, e de responsabilidade dos municípios. Diferente dos demais níveis da educação, a educação infantil não tem currículo formal. Desde 1998 segue o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, um documento equivalente aos Parâmetros Curriculares Nacionais que embasam os demais segmentos da educação Básica.

Segundo os Referenciais, o papel da educação infantil é cuidar da criança em espaço formal, contemplando a alimentação, a limpeza e o lazer. Também é seu papel educar, sempre respeitando o caráter lúdico das atividades, com ênfase no desenvolvimento integral da criança. Não cabe ela alfabetizar a criança. Nessa fase ela não tem maturidade neural para isso, salvo os casos em que a alfabetização é espontânea. Devem ser trabalhados os seguintes eixos com as crianças: movimento, música, artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade. O objetivo é desenvolver algumas capacidades, como: ampliar relações sociais na interação com outras crianças e adultos, conhecer seu próprio corpo, brincar e se expressar das mais variadas formas, utilizar diferentes linguagens para se comunicar, entre outros. A ênfase da educação infantil é estimular as diferentes áreas de desenvolvimento da criança, aguçar sua curiosidade, sendo que, para isso, é imprescindível que a criança esteja feliz no espaço escolar.

O Ensino Fundamental é uma das etapas da educação básica no Brasil. Tem duração de nove anos, sendo a matrícula obrigatória para todas as crianças com idade entre 6 e 14 anos. A obrigatoriedade da matrícula nessa faixa etária implica a responsabilidade conjunta: dos pais ou responsáveis, pela matrícula dos filhos; do Estado pela garantia de vagas nas escolas públicas; da sociedade, por fazer valer a própria obrigatoriedade. Regulamentado por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em 1996, sua origem remonta ao Ensino de Primeiro Grau, que promoveu a fusão dos antigos curso primário (com quatro a cinco anos de duração), e do curso ginasial, com quatro anos de duração, este último considerado, até 1971, ensino secundário.

A duração obrigatória do Ensino Fundamental foi ampliada de oito para nove anos pelo Projeto de Lei nº 3.675/04, passando a abranger a Classe de Alfabetização (fase anterior à 1ª série, com matrícula obrigatória aos seis anos) que, até então, não fazia parte do ciclo obrigatório (a alfabetização na rede pública e em parte da rede particular era realizada normalmente na 1ª série). Lei posterior (11.114/05) ainda deu prazo até 2010 para Estados e Municípios se adaptarem. A organização do ensino fundamental divide-o, na prática, em dois ciclos. O primeiro que corresponde aos primeiros cinco anos (chamados anos iniciais do ensino fundamental) é desenvolvido, usualmente, em classes com um único professor regente. O segundo ciclo corresponde aos anos finais, nos quais o trabalho pedagógico é desenvolvido por uma equipe de professores especialistas em diferentes disciplinas.  Nos primeiros anos, as crianças e adolescentes são estimulados através de atividades lúdicas, jogos, leituras, imagens e sons, principalmente no primeiro nível. Através dos vários processos pedagógicos, busca-se conduzir a criança ao conhecimento do mundo pessoal, familiar e social. Nos anos finais, os adolescentes aprofundam os conhecimentos adquiridos no ciclo anterior e iniciam os estudos das matérias que serão a base para a continuidade no ensino médio.

O ensino médio, no Brasil, é a etapa final da educação básica e integraliza a formação que todo brasileiro deve ter para enfrentar com melhores condições a vida adulta. De acordo com as finalidades do ensino médio, postas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), isto significa assegurar a todos os cidadãos a oportunidade de consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no ensino fundamental aprimorar o educando como pessoa humana, possibilitar o prosseguimento de estudos, garantir a preparação básica para o trabalho e a cidadania e dotar o educando dos instrumentos que lhe permitam continuar aprendendo, tendo em vista o desenvolvimento da compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos.

A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade da Educação Básica que garante a jovens e adultos (a partir de 18 anos) o direito à formação na especificidade de seu tempo humano e assegura-lhes a permanência e a continuidade dos estudos ao longo da vida.

Recomenda-se as seguintes leituras: A Constituição das Teorias Pedagógicas da Educação Física, de Valter Bracht; Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil; Temas em educação especial, de Carvalho; Educação Física no Brasil: a História que não se conta, de Castellani Filho; Metodologia do ensino em educação física, de Coletivo de Autores; Constituição da República Federativa do Brasil; Educação Física e o conceito de cultura, de Jocimar Daólio; Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física, de Paulo Freire; Educação Física Escolar: uma abordagem fenomenológica, de Moreira; Sobre diferenças individuais e diferenças culturais: o lugar da abordagem histórico-cultural, de Marta Kohl Oliveira; Conceito de saúde segundo a OMS, da Organização Mundial de Saúde; e, O "esporte na escola" e o "esporte da escola": da negação radical para uma relação de tensão permanente, de Tarcísio Mauro Vago.

Essas leituras proporcionarão um arsenal de embasamento, o qual poderá utilizar em diversos artigos, TCCs, e trabalhos acadêmicos. Sem medo de errar, pois essas fontes são, algumas delas, documentos oficiais.



REFERÊNCIAS


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