quarta-feira, 25 de abril de 2012

BRINCADEIRAS DE RUA: Resgatando uma cultura saudável e sustentável

A partir do momento que a tecnologia começou a ser melhor desenvolvida, observou-se, principalmente nas crianças, uma certa acomodação no que diz respeito a brincadeiras dinâmicas, pois elas, nos dias de hoje, ganham seus brinquedos prontos ou preferem jogos que envolvam o baixo grau de conhecimento e o alto grau de violência.

O brinquedo pronto não instiga a criança a conhecer mais, fazendo com que ela fique entediada muito rapidamente. Já a utilização de brinquedos que envolvam a imaginação prendem por muito mais tempo a atenção delas. Imagine uma criança que ganha um barquinho a motor. Após alguns dias ela fica entediada de brincar com ele e o deixa jogado no canto do quarto. Agora, imagine uma criança que tenha que construir um barquinho a motor. Ela terá que conseguir os materiais necessários para construção e ajuda de outras pessoas para que não haja erros na montagem. Percebe-se que a diferença é enorme. No segundo caso a criança socializa seu projeto com outros, o que lhe faz sentir importante perante a sociedade em que é inserido, dando valor tanto às pessoas que o ajudou, quanto ao brinquedo construído com tanto empenho.
Para montagem de um barquinho a motor, são necessários apenas os seguintes materiais: isopor ou um talo da folha de buriti, que é comparável ao isopor; uma ou duas pilhas normais; um motor de carro de controle remoto ou qualquer tipo de motor pequeno; e, o mais importante, a imaginação. Se não conseguir encontrar um motor pequeno, substitua-o por uma vela feita de sacola plástica, então terá um barco a vela.
Com o aparecimento de redes sociais como Orkut, MSN, Twitter, Facebook, verificou-se o distanciamento das crianças e adolescentes das atividades que envolvem a cultura corporal de movimentos. Uma fala mais precária, repleta de gírias e uma escrita abreviada, causada por um total descaso com a gramática, foram problemas adquiridos pela alienação em que vivem os jovens de hoje. Um dos grandes motivos desse descaso com o vocabulário é a comunicação utilizada pela internet.
Há muito dizia-se “vossa mercê”, com o passar dos anos, “vosmecê”. Com a evolução da língua, há anos e ainda hoje persistindo, diz-se “você”, mas com a “involução” da linguagem, através da comunicação única realizada pelos usuários de sites de relacionamento, muitos jovens já pronunciam “cê”. Se continuar a “involuir”, chegaremos facilmente em “c”.
Jogos e brincadeiras de rua como tacobol, pira-pega, bandeirinha, garrafão, entre outras, foram sendo deixadas de lado, dando vez aos jogos de computadores, videogames e celulares. Assim, os jovens se encaminham para um sedentarismo precoce, pois vivem em caixas de madeira ou alvenaria, hipnotizados por uma tela e um teclado, esquecendo que seu corpo precisa de movimento e sua mente de conhecimento útil para o cotidiano. Essa consciência de movimentar-se, muitas vezes, vem após o diagnóstico de alguma doença ou debilidade corporal, na qual este indivíduo tem que praticar algum exercício para poder gozar de sua plenitude mental e corporal.
As brincadeiras eram muito mais interessantes e interativas. Elas visavam a coletividade, criatividade e socialização de conhecimentos, pois sem a socialização, hoje não seria possível o regate desse estilo de brincar.
Para a diversão de uma criança vinda de uma família com baixo poder aquisitivo, bastava um pedaço de pau, uma lata ou um barbante, pois, com criatividade e empenho, a junção desses materiais resultava em um carrinho, trator, instrumento de música e, dependendo da imaginação, uma infinidade de objetos que sua família, pela condição que tinha, não poderia adquirir.
Uma das alternativas existentes, e que foi muito utilizada em anos anteriores, para amenizar esse problema é a utilização de produtos recicláveis. O objetivo é sensibilizar as pessoas a se adequarem a um novo modelo de consumo descartável, onde a sustentabilidade esteja paralela ao brincar. Este novo modelo de “brincadeira reciclável” visa o aproveitamento das embalagens pet, madeira, latas, fichas, tampas e outros materiais para construção de brinquedos que possibilitem o resgate da cultura do brincar com criatividade, e também ajudando a preservar o meio ambiente.
Esse tipo de ludicidade ajuda a manter uma vida mais saudável, proporcionando uma melhora significativa na coordenação motora, trabalhando o espírito de equipe através de jogos educativos e atuando como agente socializador, fazendo com que crianças e adultos inibidos possam se expor mais perante a sociedade. Também faz com que o relacionamento entre pais e filhos melhore, pois os pais podem mostrar as brincadeiras que gozavam em sua juventude para seus filhos, assim dando-lhes melhor entrosamento e confiança, o que é uma reclamação constante de adolescentes da atualidade.
Desta forma vê-se que as brincadeiras utilizadas antigamente eram educativas e sadias. E que hoje estão sendo tratadas como cultura necessária, não podendo ser substituídas pela tecnologia, ao contrário, a tecnologia veio para ajudar a disseminar essa cultura que há tempos não perde sua essência, o “brincar educando”.

Brinquedos que podem ser construídos em casa:


PETBOL:


É composto de 2 rapetes e 1 bola pequena. Ao arremessar a bola, o colega que receber tem 2 segundos para devolvê-la e vice versa. Quando o colega deixar a bola cair, marca-se um ponto a seu favor.

Número de jogadores: 2
Material: 2 garrafas pet, 1 bola pequena feita de papel e plástico e 2 pedaços de madeira para os cabos.
Obs.: As regras podem ser criadas pelos integrantes do jogo.


VAI E VEM


CORRIDA COM LATA


BOLICHE


CANELEIRA


Texto escrito por: Marcelo Gomes González; Farney Gleyson de Almeida Lima – Acadêmicos do 4º semestre de Licenciatura em Educação Física.

3 comentários:

  1. Legal, Marcelo. A simplicidade científica é o princípio de grandes evoluções. Compreender o funcionamento da máquina permite conhecer formas econômicas e eficazes de funcionamento. Em cada criação ou construção, sempre tem um aprendizado. Um caminho mais curto. E quanto mais simples, maior é o engenho. O grande exemplo são as indústrias farmacêuticas que atingiram o ápice da evolução na produção de medicamentos e voltam-se para o quintal, para a produção e coleta de folhas para os 'antiquados chazinhos' e outras mezinhas dos nossos ancestrais que nunca souberam nem ouviram falar em farmácia. "Quando se chega ao tudo é preciso voltar a NADO". Quantos inventos podem nascer ao se construir uma simples caneleira artesanal? Parabéns, Marcelo

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  2. Muito interessante a sua visão. As crianças de hoje só querem saber das novas tecnologias. Em parte é culpa dos pais que deveriam passar a cultura dos brinquedos produzidos e de brincar em grupo, fato esse que ocorre principalmente em cidades desenvolvidas ou em desenvolvimento, onde a tecnologia está mais presente. Fazendo com que as crianças fiquem alienadas quanto a origem das brincadeiras que muitas vezes joga, no computador ou playstation, tem como base as brincadeiras que os pais ou avós brincavam em sua época de infância e adolescência.

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  3. Muito obrigado pelo elogia se Édi, mas o trabalho não é só meu. O outro ser pensante é Farney Gleyson de Almeida Lima. Obrigado pelo elogio.

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